A meu
ver, não. Vou dizer por quê.
O que
deve ser ensinado na escola básica? Leitura... leitura... leitura... produção
da escrita... produção da escrita... produção da escrita... Claro, isso é o que
de essencial existe no ensino de português, e parece que a grande maioria dos
professores concorda com isso. Há, porém, certos conteúdos que não fazem parte
dos programas da disciplina Língua Portuguesa, que prefere se preocupar
com o sexo dos anjos e com o orgasmo das cotovias. São conteúdos indispensáveis
no curso fundamental e que fazem parte de qualquer livro didádico, mas que
foram, inexplicavelmente, expulsos dos bancos escolares dos cursos superiores
de Letras. São conteúdos do tipo:
-
concordância verbal
-
concordância nominal
-
regência verbal
-
regência nominal
-
emprego de pronomes
-
colocação de pronomes
-
conjugação verbal
-
emprego dos tempos e modos
-
pontuação
-
acentuação gráfica
-
emprego do infinitivo
-
uso do acento indicador da crase
-
gênero e número dos nomes
-
emprego dos conectivos, etc.
Veja bem, meu caro leitor:
esses conteúdos são ensinados aos alunos do curso fundamental, mas quando são
estudados – com profundidade – pelo futuro professor de português? Nunca, se
dependermos de cursos de Letras como o da FALE/UFMG. Acho que uma coisa deve
ficar bem clara: no curso de Letras devem ser ministrados conteúdos que serão
dados no ensino básico. Pesquisas de ponta (principalmente aquelas que são
desenvolvidas nas teses de doutorado) e os últimos hits importados da Sorbonne
e de Massachusetts devem ser estudados no mestrado, no doutorado e no
pós-doutorado. Deixem os cursos de Letras preparar professores para o curso
fundamental! É claro que o curso de graduação deve também despertar no aluno
interesse para as pesquisas avançadas, mas isso deve ocupar uma parte mínima do
curso.
É bem provável que o leitor
esteja querendo me perguntar: mas você não é contra o ensino da gramática na
escola?
Mas veja bem o seguinte (vou
dividir a resposta em duas partes);
1º) O professor de português,
como especialista que é da linguagem, deve saber muito bem os conteúdos
apresentados acima, não só sob o ponto de vista do uso, isto é, da prática,
como também sob o ponto de vista teórico, isto é, com o domínio da gramática
explícita.
2º) O aluno do curso básico
deve dominar, na prática, os conteúdos apresentados acima, sem necessidade de
dominar a teoria gramatical. Você acha isso impossível? Leia ou consulte o meu
livro Gramática nunca mais II – Exercícios (Edit. Comunicação de Fato),
em que você encontrará inúmeros exercícios sobre os conteúdos apresentados, sem
o emprego da parafernália gramatical que apresentam as nossas gramáticas.
Você pode estar ainda querendo
perguntar: e a expressão oral? Ela também não é importante? Não deve ser
ensinada ou exercitada nas escolas? Sem dúvida, esse aspecto do ensino de
português é muito importante, mas vamos deixá-lo para a próxima postagem.