segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Os cursos de Letras formam professores?


            A meu ver, não. Vou dizer por quê.

            O que deve ser ensinado na escola básica? Leitura... leitura... leitura... produção da escrita... produção da escrita... produção da escrita... Claro, isso é o que de essencial existe no ensino de português, e parece que a grande maioria dos professores concorda com isso. Há, porém, certos conteúdos que não fazem parte dos programas da disciplina Língua Portuguesa, que prefere se preocupar com o sexo dos anjos e com o orgasmo das cotovias. São conteúdos indispensáveis no curso fundamental e que fazem parte de qualquer livro didádico, mas que foram, inexplicavelmente, expulsos dos bancos escolares dos cursos superiores de Letras. São conteúdos do tipo:

-         concordância verbal

-         concordância nominal

-         regência verbal

-         regência nominal

-         emprego de pronomes

-         colocação de pronomes

-         conjugação verbal

-         emprego dos tempos e modos

-         pontuação

-         acentuação gráfica

-         emprego do infinitivo

-         uso do acento indicador da crase

-         gênero e número dos nomes

-         emprego dos conectivos, etc.

 

Veja bem, meu caro leitor: esses conteúdos são ensinados aos alunos do curso fundamental, mas quando são estudados – com profundidade – pelo futuro professor de português? Nunca, se dependermos de cursos de Letras como o da FALE/UFMG. Acho que uma coisa deve ficar bem clara: no curso de Letras devem ser ministrados conteúdos que serão dados no ensino básico. Pesquisas de ponta (principalmente aquelas que são desenvolvidas nas teses de doutorado) e os últimos hits importados da Sorbonne e de Massachusetts devem ser estudados no mestrado, no doutorado e no pós-doutorado. Deixem os cursos de Letras preparar professores para o curso fundamental! É claro que o curso de graduação deve também despertar no aluno interesse para as pesquisas avançadas, mas isso deve ocupar uma parte mínima do curso.

É bem provável que o leitor esteja querendo me perguntar: mas você não é contra o ensino da gramática na escola?

Mas veja bem o seguinte (vou dividir a resposta em duas partes);

1º) O professor de português, como especialista que é da linguagem, deve saber muito bem os conteúdos apresentados acima, não só sob o ponto de vista do uso, isto é, da prática, como também sob o ponto de vista teórico, isto é, com o domínio da gramática explícita.

2º) O aluno do curso básico deve dominar, na prática, os conteúdos apresentados acima, sem necessidade de dominar a teoria gramatical. Você acha isso impossível? Leia ou consulte o meu livro Gramática nunca mais II – Exercícios (Edit. Comunicação de Fato), em que você encontrará inúmeros exercícios sobre os conteúdos apresentados, sem o emprego da parafernália gramatical que apresentam as nossas gramáticas.

Você pode estar ainda querendo perguntar: e a expressão oral? Ela também não é importante? Não deve ser ensinada ou exercitada nas escolas? Sem dúvida, esse aspecto do ensino de português é muito importante, mas vamos deixá-lo para a próxima postagem.