O caro
leitor, que tanto pode ser um professor de português como uma pessoa
interessada no ensino eficiente do idioma pátrio, poderá me questionar a
respeito dos problemas que apresentei nas páginas deste blog: afinal, como
deve ser o ensino de português? Ele se resume no aprendizado da chamada língua
padrão? O contato constante com o texto – aliás, com todo tipo de texto – é
importante para o aluno? Como levar o discente a escrever um texto com lógica,
com sequência, com argumentação, enfim, como levar o aluno a ter um bom
desempenho linguístico já na escola? Qual é a importância da interpretação de
textos para o cidadão comum? E – at last but not at least – como
conseguir que o aluno escreva corretamente, sem erros de ortografia, emprego de
maiúsculas, concordância, regência, colocação, emprego de pronomes,
conjugação verbal, uso de plural, etc.? Como conseguir tudo isso sem
necessidade – como venho defendendo diuturnamente – de decorar toda aquela
parafernália gramatical que nos foi legada pela velha escola e que insiste
ainda em aparecer nos livros didáticos e frequentar os bancos escolares?
No meu
livro Gramática: nunca mais I (Ed. Martins Fontes) apresento dois modelos de lições de português. Cada modelo
apresenta as seguintes partes e subpartes:
I – Prática da leitura – a)
Vocabulário
b)
Prática linguìstica
c)
Compreensão do texto
d) Expressão oral
II – Exercícios em língua padrão
III – Produção da escrita
Nas
próximas postagens vou apresentar, com detalhes, como deve ser esta proposta
para o ensino de português. Como você verá, a proposta se preocupa com dois
aspectos principais:
a) O
aspecto conteudístico da disciplina, relacionado com a compreensão e a interpretação de textos, a necessidade de
levar o aluno ao raciocínio e à reflexão, a preocupação constante com a
dedução, a indução, a comparação, etc., a inserção do aluno no mundo em que
vivemos, a exercitação do discente na capacidade de pensar o mundo atual, etc.
b) O
domínio da língua padrão, desde os aspectos mais simples e elementares, como
ortografia e pontuação, até as questões mais graves como concordância,
regência, emprego do pronome relativo, passando, é lógico, pelo problema da
lógica, da sequenciação, da clareza, etc.