Sobre a palestra do Prof. Marcos
Bagno (I)
Hoje vou
fazer dois comentários a respeito da palestra do Prof. Marcos Bagno. Esses
comentários versarão especificamente sobre a palestra do professor. Pretendo
analisar com mais vagar a Gramática Pedagógica que foi lançada na
ocasião e fazer algumas críticas à obra em postagens posteriores.
Em
primeiro lugar, louvo a postura do professor ao expulsar dos bancos escolares a
parafernália gramatical que ainda persiste no ensino de português. Todo e
qualquer tipo de gramática explícita que é dada na escola básica é lesivo à
prática escolar. Já expus essa questão, demoradamente – e de maneira teórica –
no meu livro Gramática: nunca mais (Martins Fontes) e – de maneira
prática – no meu segundo livro da série, Gramática nunca mais II (Exercícios)
(Comunicação de Fato).
O
conferencista apresentou as razões que o levam a dispensar a gramática no
ensino da língua. Não vou aqui repetir os argumentos apresentados pelo
palestrante, por serem já bastante conhecidos de todos: o conhecimento da
gramática não é um meio adequado para levar o aluno à proficiência no domínio
do texto (leitura, produção, etc.); a gramática, em si, é muito contraditória e
confusa; a gramática constitui um corpo
de doutrina que não se atualiza há mais de dois mil anos, etc., etc.
Mas a
questão que mais incomodou na exposição do Prof. Marcos Bagno está relacionada
com o tipo de linguagem que deve servir de modelo para a fixação do chamado
português padrão (escrito).
Na sua
fala, o expositor chamou a atenção para a necessidade de o professor de
português ensinar aos alunos a redigir documentos, tais como ofícios,
memorandos, procurações, contratos, etc. pois é disso que o cidadão vai
precisar na vida. Isso é mais importante do que exigir dos alunos redações com
títulos descontextualizados e absurdos como Um passeio no campo ou A
vaca (citado pelo autor). Quanto a isso estou de pleno acordo com o
palestrante.
Mas o nó
da questão é o seguinte: qual é o modelo de linguagem que deve ser usado para
escrever ofícios, cartas oficiais, petições, etc.? Estendendo um pouco a
questão: qual é o modelo de linguagem que deve ser usado para escrever
reportagens, artigos/livros técnicos e científicos, obras acadêmicas ou
didáticas de geografia, história, arquitetura, medicina, engenharia, filosofia,
direito, etc.?
Tradicionalmente,
o padrão de linguagem que tem sido usado no Brasil é o modelo descrito pela
gramática normativa. Há alguma dúvida com relação a isso? Pretendo demonstrar,
por a mais bê, que não.
Mas o
Prof. Marcos Bagno, que é brilhante ao alijar a teoria gramatical dos bancos
escolares, é ao mesmo tempo, inconsequente, ao afirmar que o modelo de
linguagem que deve ser ensinado na escola é o da norma falada urbana culta.
Na
próxima postagem, vou descer a detalhes com relação ao assunto
Sou aluna do profº Luiz Rocha do curso noturno de Letras da UFMG, estive na palestra dada pelo Profº Carlos Bagno, concordo com algumas idéias do palestrante, acho que a gramática é arcaíca e cansativa tem que ser reformulada e discutida por profissionais que entendam do assunto, mais como qualquer estudo temos que ter uma base para criarmos critérios para estabelecermos normas de aprendizagem.
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