terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sobre a palestra do Prof. Marcos Bagno (I)


                                Sobre a palestra do Prof. Marcos Bagno (I)

 

            Hoje vou fazer dois comentários a respeito da palestra do Prof. Marcos Bagno. Esses comentários versarão especificamente sobre a palestra do professor. Pretendo analisar com mais vagar a Gramática Pedagógica que foi lançada na ocasião e fazer algumas críticas à obra em postagens posteriores.

            Em primeiro lugar, louvo a postura do professor ao expulsar dos bancos escolares a parafernália gramatical que ainda persiste no ensino de português. Todo e qualquer tipo de gramática explícita que é dada na escola básica é lesivo à prática escolar. Já expus essa questão, demoradamente – e de maneira teórica – no meu livro Gramática: nunca mais (Martins Fontes) e – de maneira prática – no meu segundo livro da série, Gramática nunca mais II (Exercícios) (Comunicação de Fato).

            O conferencista apresentou as razões que o levam a dispensar a gramática no ensino da língua. Não vou aqui repetir os argumentos apresentados pelo palestrante, por serem já bastante conhecidos de todos: o conhecimento da gramática não é um meio adequado para levar o aluno à proficiência no domínio do texto (leitura, produção, etc.); a gramática, em si, é muito contraditória e confusa; a gramática constitui  um corpo de doutrina que não se atualiza há mais de dois mil anos, etc., etc.

            Mas a questão que mais incomodou na exposição do Prof. Marcos Bagno está relacionada com o tipo de linguagem que deve servir de modelo para a fixação do chamado português padrão (escrito).

            Na sua fala, o expositor chamou a atenção para a necessidade de o professor de português ensinar aos alunos a redigir documentos, tais como ofícios, memorandos, procurações, contratos, etc. pois é disso que o cidadão vai precisar na vida. Isso é mais importante do que exigir dos alunos redações com títulos descontextualizados e absurdos como Um passeio no campo ou A vaca (citado pelo autor). Quanto a isso estou de pleno acordo com o palestrante.

            Mas o nó da questão é o seguinte: qual é o modelo de linguagem que deve ser usado para escrever ofícios, cartas oficiais, petições, etc.? Estendendo um pouco a questão: qual é o modelo de linguagem que deve ser usado para escrever reportagens, artigos/livros técnicos e científicos, obras acadêmicas ou didáticas de geografia, história, arquitetura, medicina, engenharia, filosofia, direito, etc.?

            Tradicionalmente, o padrão de linguagem que tem sido usado no Brasil é o modelo descrito pela gramática normativa. Há alguma dúvida com relação a isso? Pretendo demonstrar, por a mais bê, que não.

            Mas o Prof. Marcos Bagno, que é brilhante ao alijar a teoria gramatical dos bancos escolares, é ao mesmo tempo, inconsequente, ao afirmar que o modelo de linguagem que deve ser ensinado na escola é o da norma falada urbana culta.

            Na próxima postagem, vou descer a detalhes com relação ao assunto 

Um comentário:

  1. Sou aluna do profº Luiz Rocha do curso noturno de Letras da UFMG, estive na palestra dada pelo Profº Carlos Bagno, concordo com algumas idéias do palestrante, acho que a gramática é arcaíca e cansativa tem que ser reformulada e discutida por profissionais que entendam do assunto, mais como qualquer estudo temos que ter uma base para criarmos critérios para estabelecermos normas de aprendizagem.

    ResponderExcluir