Os
professores de português que têm consciência de sua profissão e que sabem da
importância do ensino da língua culta nas escolas devem estar envergonhados com
a notícia que saiu na imprensa escrita e falada do país. Os candidatos do Enem,
que deveriam ter o “domínio da norma padrão da língua escrita”, conforme reza o
Guia do Estudante, cometeram, por uma lado, erros elementares de ortografia,
como “enchergar” e “trousse”, e deixaram de colocar acento em palavras como
“indivíduo, saúde, geográfica e necessário”. Cometeram também erros graves de
concordância verbal, como em: “essas providências, no entanto, não deve (sic)
ser expulsão” e “é fundamental que hajam (sic) debates”.
Tão
lamentável quanto os fatos ocorridos, ou seja, a incorreção dos alunos e a
correção absurda da equipe de professores do Enem, é a posição cínica e
irresponsável do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais),
que afirma: “...uma redação nota máxima
pode apresentar alguns desvios nas competências avaliadas”. E acrescenta: “...um texto pode apresentar eventuais erros
de grafia, mas pode ser rico em sua organização sintática, revelando um excelente
domínio das estruturas da língua portuguesa”.
Experimente
um advogado, um jornalista ou um professor escrever dessa maneira em seus
textos. Provavelmente ele será ridicularizado ou, até mesmo, despedido de seu
serviço. Mas para o Inep, para o Enem e para uma parcela ínfima de professores
de português trata-se apenas de alguns “desvios” e de “eventuais” erros de
grafia. Mas para a imprensa séria do país e para a sociedade idônea e
consciente de suas obrigações, trata-se de mais uma “insanidade” do ensino de
português, como vem ocorrendo nos últimos tempos.
Mas,
afinal de contas, de quem é a culpa dessa situação?
Nas
próximas postagens, vou apresentar os principais culpados por essa postura absurda
do ensino de português.
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