sexta-feira, 10 de maio de 2013

Redações do Enem: a volta do "óbvio ululante"


        Suponhamos uma redação do Enem, cujo início fosse assim:

 

“A copa do mundo vai trazer muitos beneficio para o Brasil. Um dos mais importante vão ser as novas estrada que estão construindo no pais. É o caso de Belo horizonte por exemplo que esta sendo construido um monte de avenidas nova é o caso da aven. Antonio carlos e Cristiano machado duas principais avenidas para servir a nossa cidade. Outro beneficio são a construção de belos estádio como é o caso do Minerão que está uma belesa sem nenhum poblema e que dentro dele cabe mais de secenta mil pessoa acentada que assiste o jogo no maior conforto isso sem falar nos hotel que esta sendo construido à todo instante na cidade dentro e fora dela...”

 

        Não vamos corrigir esse texto, mas está claro que aí existem erros de: ortografia  (inclusive de acentuação gráfica e emprego de maiúscula), pontuação, paragrafação, concordância verbal, concordância nominal, emprego de pronome relativo, regência verbal, uso do acento indicador da crase, flexão de número, sequenciação de ideias, ilogicidade, repetição inadequada de palavras, etc. etc.

        O mais incrível de tudo isso é que só agora o Inep parece ter acordado para o problema. Até aqui “valia” escrever “trousse, enxergar, essas providências, no entanto, não deve ser expulsão” e “é fundamental que hajam debates”. Mas a sociedade brasileira, por meio principalmente da imprensa esclarecida, reagiu e obrigou o Ministro da Educação a ser explícito com relação ao assunto: sim, os erros de português serão corrigidos de acordo com a língua padrão! Voltou-se, assim, ao mais elementar dos ensinamentos da escola, ao “óbvio ululante” de Nelson Rodrigues: os alunos precisam dominar a língua padrão escrita. Afinal, é esse tipo de linguagem que vai ser usado pelos advogados, pelos jornalistas, pelos psicólogos, pelos técnicos em enfermagem e pelo cidadão de maneira geral.

        Algumas pessoas, no entanto, mesmo as mais estudadas, confundem as coisas e logo pensam: – Mas eu preciso saber gramática (ditongo, tritongo, pronome demonstrativo, advérbio, oração cooordenada, subordinada, reduzida, etc.) para escrever corretamente? De jeito nenhum. O importante é o desempenho, a prática, o uso. É preciso dominar a concordância verbal do português? Sim. Para isso não é necessário decorar as trezentas e vinte e sete regras de concordância, mas praticar bastante, como procuro fazer no meu livro Gramática nunca mais II – exercícios (Edit. Comunicação de Fato). Além disso, é preciso ficar claro que o Enem não exige dos candidatos em sua prova de Linguagens, códigos e suas tecnologias qualquer conhecimento teórico de gramática.

            Em síntese, um alerta para a prova do Enem: escrever correta e adequadamente, sim, mas sem necessidade de decorar a gramática.   

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