Todo
indivíduo nasce com capacidade para aprender a língua materna, como afirma
Chomsky. A proposta do linguista americano faz todo o sentido, pois não há nada
tão natural e tão intuitivo como a aquisição e o domínio da própria língua. Aos
seis anos de idade, quando entra para a escola, a criança já domina
perfeitamente bem o seu idioma. É claro que não estamos falando de língua
padrão ou de linguagens especiais, como o economês ou o politiquês, mas o
menino é capaz de conversar horas e horas sobre futebol, videogame, passeios,
brincadeiras, etc. Em outras palavras: já domina uma língua, a língua materna e
possui uma gramática internalizada, que ele usa maravilhosamente bem, mas não
sabe explicitá-la, isto é, não sabe explicar como ela funciona. Por que estou
falando isso?
Observe
que a criança não recebe aulas para aprender a língua materna. A mãe não chega
para o filho e fala: “Agora assenta aqui, porque eu vou explicar para você a
diferença entre singular e plural...” A mãe poderá, quando muito, “corrigir” o
filho no ato da fala e dizer: “Não é os menino, mas os meninos,
não é os professor, mas os professores, não é os anel, mas
os anéis, e assim por diante.” Mas, na verdade, a criança aprende a usar
a língua é no exercício efetivo da linguagem. É praticando, é usando a língua
no momento em que precisa dela para se comunicar ou para expressar os seus
sentimentos.
O
erro milenar do ensino da língua materna reside, a meu ver, na insistência em
ensinar teoria da linguagem, em vez de ensinar a própria linguagem. Na escola,
o aluno precisa aprender a usar a língua padrão, o que deve ser feito pela
prática e pelo uso da norma culta e não por meio do ensino de teoria
linguística (leia-se: teoria gramatical). Aprende-se a nadar, nadando,
aprende-se a andar de bicicleta, pedalando, sem necessidade conhecimentos
teóricos.
Estou
dizendo isso, porque eu gostaria que o caro leitor observasse bem a lição de
português que eu postei neste blog. Não há nada de teoria gramatical, pois como
disse em textos anteriores, é possível aprender a língua padrão, sem
necessidade de estudar gramática.
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