Não se você já notou, mas o gênero em português (masculino/feminino) tem umas coisas interessantes. Todas as palavras possuem um gênero definido, que é identificado pelo o ou pelo a que as antecede: o vidro, o pente, o revólver, o nível, o entrosamento, o budismo são palavras masculinas. A porta, a morte, a ponte, a ostentação, a idiossincrasia são palavras femininas. Apenas as palavras que designam seres animados apresentam-se aos pares, indicando o masculino e o feminino: esposo/esposa, professor/professora, mestre/mestra, maestro/maestrina, homem/mulher, cavaleiro/dama, patrão/patroa, jacaré macho/jacaré fêmea, o estudante/a estudante, etc. Mesmo assim, há palavras que designam seres animados, mas que são invariáveis: criança, testemunha, carrasco, etc. Mas essa é uma outra história.
A língua já tem uma boa quantidade de pares consagrados pela tradição, como os que vimos no parágrafo anterior.
Mas, como dissemos na última postagem, a lista dos pares consagrados pela gramática não é fechada, isto é, admite novas entradas, em consonância com os usos e costumes. É assim que hoje existem novos pares, como goleiro/goleira, ministro/ministra, desembargador/desembargadora e, por que não, presidente/presidenta. É verdade que o número de palavras invariáveis com e é maior, como estudante, gerente, paciente, servente, agente, imigrante, etc., mas existem também mestre/mestra e parente/parenta.
Portanto, as duas formas para indicar o feminino (presidente/presidenta) estão corretas e vamos ver qual das duas vai ficar para a posteridade.
Quanto à palavra marida, trata-se apenas de uma brincadeira inofensiva, perfeitamente aceitável no contexto em que foi usada. Passada a novela, as pessoas voltarão a empregar normalmente os pares marido/mulher, esposo/esposo, a não ser que a profissão da protagonista da novela se torne comum, ou, quem sabe, até mesmo regulamentada.
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